Família como lugar de cuidado e proteção
- Claudina Damasceno Ozório e Shenia Karlsson
- 20 de dez. de 2017
- 3 min de leitura

Atualmente existem diversas configurações de família: Casada, separada, recasada ou reconstituída, monoparental ou uniparental, de orientação hetero ou homoafetiva, com relações e modos de interação mais horizontalizados. Embora tenha se reinventado, a família continua sendo um sistema, um espaço potencial para a socialização e para o estabelecimento de relações afetivas. Imagina que o sistema familiar é uma corrente.
Nesse sistema, cada sujeito é como um desses elos, todos juntos formam a corrente do sistema familiar, ou podemos pensar também em engrenagens, trabalhando juntas para o funcionamento da máquina. Gosto mais de pensar como engrenagens, pois possibilita maior mobilidade. Emocionalmente, talvez a corrente seja mais representativa e descreva melhor os vínculos estabelecidos entre os sujeitos, pois há o elo entre eles, não necessariamente consanguíneo, já que a família é movida pelos afetos, ou seja, é quem escolhemos.
A rede social de apoio complementa o sistema que tende a se ampliar quanto maior for o número de pessoas que compõem a rede. Então, se acontecem mudanças ao longo do ciclo vital como morte, doença, casamento, nascimento etc...o sistema familiar precisa se reorganizar para a manutenção do equilíbrio homeostático. Como assim, equilíbrio homeostático? Na verdade, existe uma homeostase, um modo de funcionamento específico de cada família. Como a sua família é, do jeito que ela funciona. Isso quer dizer que, quando um membro familiar modifica seu comportamento, ele interfere em todo o sistema, provocando mudanças.
Então, os demais membros também responderão a isso. Ora se adequando e se organizando, ora questionando, ora buscando formas de manter o funcionamento anterior. Ou até mesmo, te isolando. Por exemplo: Sabe quando você muda os seus comportamentos e todos em sua casa estranham essa mudança? Especialmente, se você for a pessoa que dizem ser a problemática da família? Então, isso é o sistema tentando se equilibrar. Equilíbrio no sentido de funcionamento. Ok! Mas a minha família tem tanta briga!?! Então, é assim que vocês funcionam. E quando você ou alguém muda, algo estranho aconteceu e todos farão de tudo para manter o sistema “de brigas” anterior.
Depois desse papo todo sobre família, funcionamento, equilíbrio etc, pensemos nos afetos que circulam em nosso ambiente familiar. O primeiro grupo de inserção do sujeito é a família, sendo este o primeiro ambiente de socialização. Assim, a nossa família possui a função de dar proteção e segurança a nós e aos seus membros, funcionando como facilitadora da maturidade e promotora de saúde emocional.
Desse modo, o sentimento de pertença ao grupo familiar possibilita ao sujeito repetir outros vínculos em outros contextos sociais e grupais de forma saudável. Embora cada relação possua suas particularidades, o sentimento de bem-estar dentro da família po
ssibilita a promoção de relacionamentos sociais mais saudáveis. Mas, os demais membros também possuem papel relevante, junto aos pais e outros mediadores que funcionam como suporte social para a constituição de outros laços, como, por exemplo, inserção em grupos sociais mais amplos como o de amigos. E aí, como é o seu relacionamento com os seus familiares? Tem muitas briga? É tranquilo? Te impulsionam para fora ou para dentro do ambiente familiar? Diga-me como é conviver com as pessoas que te escolheram ou que você escolheu?
Por: Claudina Damasceno Ozório - Psicóloga Clinica/ Mestre em Psicologia Clínica PUC-Rio/ Coordenadora do PapoPreta: Saúde e bem estar da mulher negra.
Shenia Karlsson - Psicóloga Clínica/ Mestranda em Estudos Africanos na Faculdade de Lisboa - Portugal/ Coordenadora do PapoPreta: Saúde e bem estar da mulher negra.
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